dimanche 26 octobre 2008

uma estoria da praça

Tinha que cruzar um tipo de ponte pra chegar na praça. Do alto dava pra ver o teatro nacional, e um fedor de urina subia até as narinas, a ponte tinha virado um mictório público. E era sujo. Os pedaços coloridos de pavimento formando dezenhos em preto e cinza, cobertos de lixo, eram irreconhecíveis.
De longe, a praça.
Mas pra chegar até a praça tinha que passar por um corredor de ambulantes. Os dois amigos estavam atrasados uns dois passos, ela sozinha andava e olhava o chao. Olhava o chao porque tinha medo do que estava por vir. Passar pelo corredor de vendedores ambulantes.
Uma música alta e brega tocava a todo vapor, e eles gritavam ainda mais alto oferecendo o mais diversificado leque de produtos: de cartas de motoristas  à tapowers. E eram pardos e loiras falsas, uma mistura genética quase indefinível. Eram feios. E pobres.
Será que eram violentos? Iriam roubá-la? 
Eram trabalhadores honestos, mas porque eram pobres e feios ela tinha medo.
Atravessou o corredor, chegou à praça, o cheiro de urina forte nas narinas. O céu era de um cinza escuro que fazia das 14h da tarde uma penumbra densa. Mas viu as arvores sempre verdes que balançavam com o vento que trazia um ar fresco.
Sentou num banco, e ficou ali observando o chao por algumas horas.
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K

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